A indústria nacional de Private Equity é muito recente se comparada à de outros países, como os EUA, por exemplo. Além disso, as práticas utilizadas pelos fundos diferem em alguns quesitos, dependendo da estratégia e do local. Por isso, caso você tenha interesse, sugiro que estude o processo mais a fundo.
Feita essa observação, vamos à definição de Private Equity, que perpassa por dois aspectos: o PE é uma fonte de financiamento e uma modalidade de investimento em empresas mais maduras - na maioria das vezes não listadas em bolsa.
O fundo capta dinheiro por meio dos Limited Partners, como fundos de pensão, familly offices e investidores internacionais. Os fundos propriamente ditos são os General Partners. Estes de fato tomam as decisões de investimento e têm o objetivo de gerar valor para a empresa investida e retornar o lucro para seus investidores. É extremamente importante que os interesses entre os LP’s e GP’s estejam alinhados.
O fundo de Private Equity passa por um longo processo para escolher a empresa na qual vai investir. Esse processo é conhecido como Due Diligence e exige uma minuciosa análise das demonstrações contábeis e dos aspectos jurídicos. Tomada a decisão, compra-se uma parte significativa da companhia de modo a ter voz nas decisões estratégicas e se preparar para a melhor forma de desinvestimento possível.
Você deveria estar se perguntando por que uma empresa precisaria do investimento de Private Equity. Por que uma empresa permitiria que um investidor externo sentasse na mesa de diretores e participasse de decisões administrativas? Pois, então, apresento quatro benefícios:
Benefício da certificação: A longa fase de análise para tomar a decisão de investimento confirma a qualidade, de maneira geral, da contabilidade da companhia e sugere que a empresa está saudável e tem boas oportunidades de crescimento. Esse fato pode auxiliar no processo de promoção da marca no longo prazo
Benefício do network: O fundo pode dar à companhia um contato muito forte com fornecedores, consumidores e instituições financeiras, facilitando as atividades do dia a dia da empresa investida.
Benefício do conhecimento: O processo de investimento de Private Equity pode transferir à empresa insights importantes para a administração do negócio. O fundo atua como conselheiro e mentor, influenciando diretamente as decisões internas.
Benefício financeiro: A injeção de capital na companhia é uma das vantagens mais diretas e está relacionada com as mudanças estruturais que ocorrerão na empresa nos anos seguintes.
A participação do fundo dura em torno de 4 a 7 anos, o que confirma o caráter de longo prazo do investimento e a importância de um contínuo monitoramento nas estratégias adotadas e nas tentativas de crescimento. Lembra-se que o objetivo é gerar o máximo de valor para a empresa e garantir que o desinvestimento promova ganho de capital em relação ao investimento inicial.
De novo, você deveria estar se perguntando como o fundo de Private Equity pode gerar valor para a empresa. Explico algumas maneiras, mas reforço que as possibilidades são diversas:
Serviços de governança: Participação ativa nas decisões administrativas, introdução e manutenção de expertises, disciplina e transparências nas atividades.
Mensuração de performance: Desenvolvimento de todos os processos necessários para monitorar e medir o valor da companhia bem como para auxiliar na relação com o investidor (auditoria interna, sistemas eficientes de TI e clara delegação de responsabilidades).
Management adequado: Muitas vezes, as pessoas que tocam a empresa não têm as habilidades necessárias para aquele negócio. O apoio do fundo pode se dar por meio da escolha de novas contratações.
Mentoria 24/7: O fundo de Private Equity deve estar disponível a todo momento. Essa postura auxilia ambas as partes: o empreendedor tem suporte em todas as decisões e o fundo tem controle suficiente para implementar melhorias técnicas e administrativas.
Por fim, o processo de desinvestimento representa a venda da participação inicialmente comprada pelo fundo e varia muito de acordo com a situação de cada empresa. Duas saídas possíveis são a venda para outro fundo de Private Equity e a oferta pública de ações na bolsa de valores (IPO). É necessário salientar que os fundos procuram enxergar oportunidades claras de saída antes mesmo de fazer o investimento inicial. Faz parte do processo de análise e auxilia a mitigar possíveis riscos. Após a saída, o fundo distribui o ganho de capital para seus investidores, os Limited Partners.