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Fundamentos de Private Equity: Agentes e estrutura

Esse é mais um texto sobre Private Equity: Recomendo previamente a leitura de "Private Equity at a glance", também no meu site.



Um fundo de Private Equity é um veículo autônomo de investimento que opera em nome de um grupo de investidores. O capital é levantado com o claro objetivo de adquirir parte de uma empresa (normalmente empresas privadas, ou seja, de capital fechado) e desinvestir ao longo do tempo ou ao fim de determinado período. A maioria dos fundos de PE são constituídos como closed-end limited partnerships e operam como veículos "blind pool", isto é, fundos nos quais os investidores não sabem exatamente em qual tipo de negócio seu patrimônio será investido.













Os agentes


Private Equity firm: É a figura que constitui e aconselha o fundo geralmente através de duas entidades separadas: o General Partner (GP) e o Investment Manager. Aqui se concentra, praticamente, todas as responsabilidades para as tomadas de decisão em relação ao fundo. Estabelecer e delimitar essas atividades isola a companhia de Private Equity de passivos relacionados à reivindicações ao fundo propriamente dito.


Limited Partners: Os investidores ou simplesmente LP's são os que contribuem majoritariamente com o capital para levantar um fundo. Participam como investidores passivos e não estão envolvidos no dia a dia das operações e na administração do fundo propriamente dita. A ideia é que os LP's forneçam capital quando está se constituindo o fundo e recebam o capital de volta, incluindo uma parcela dos lucros, após os desinvestimentos. Veja alguns exemplos de LP's mais comuns na imagem acima.


General Partners: Os GP's são totalmente responsáveis por todos os aspectos relacionados à administração do fundo e possui dever fiduciário de agir exclusivamente alinhado ao interesse dos investidores do fundo. Todas as decisões tomadas deverão estar previamente estabelecidas no Limited Partnership Agreement (LPA). O General Partner pode delegar algumas funções para o Investment Manager, mas se mantêm inteiramente responsável por todas os resultados do fundo e é obrigado, por contrato, a investir de acordo com o mandato daquele fundo. É de extrema importância ressaltar que o GP colocará seu próprio capital no fundo de modo a alinhar os interesses com os LP's e garantir que haja "Skin in the game". Normalmente, a porcentagem de capital dos GP's varia entre 1% e 5%.


Investment Manager: Na prática, o Investment Manager conduz o dia a dia das atividades do fundo de Private Equity. Avalia potenciais oportunidades de investimentos, aconselha o fundo em relação ao seu portfólio de companhias e administra o processo de auditoria e divulgação do fundo. Esse agente recebe um Management fee ou taxa de administração pelos servições prestados e essa taxa costuma variar entre 1.5% e 2% do capital colocado durante o período de investimento do fundo.


Durante o ciclo de vida do fundo, este investirá em um número limitado de empresas (entre 10 e 15 em média). Essas empresas são chamadas de empresas-alvo durante o processo de due diligence. A capacidade da firma de PE de vender suas participações nessas companhias com lucro após um período média de 3 a 7 anos vai determinar o sucesso ou o fracasso do fundo.


Na perspectiva da firma de Private Equity e suas entidades afiliadas, o negócio de PE está ligado a duas formas distintas de relacionamento: De um lado, existe a responsabilidade legal com os Limited Partners e do outro a necessidade de engajamento com empreendedores, empresários e donos das empresas que estão nas companhias do portfólio. Estabelecer uma reputação e uma conduta profissional em busca da geração de valor irá garantir melhor acesso a novos investidores e investimentos nas empresas.


Ciclo de vida de um fundo de Private Equity


Um modelo de negócio tradicional de Private Equity está relacionado ao sucesso em levantar os fundos e atingir os objetivos após a aplicação do capital.


A firma de Private Equity irá estabelecer o tamanho do fundo (consequentemente do capital aplicado) e, com isso, pode definir o fechamento do fundo e o período de investimento dos Limited Partners. O total de capital levantado pela firma de PE é expresso como fund's committed capital.


Ao invés de receber todo esse capital em um dia, os GP's aplicam durante o período de investimento do fundo que depende do que está acordado nos documentos de governança. Normalmente, dura de 4 a 5 anos a partir do fechamento do fundo. Uma vez expirado o período de investimento, o fundo não pode mais investir em novas companhias.


Durante o chamado Holding Period, que dura entre 3 a 7 anos para cada companhia do portfólio (esse valor depende muito dos resultados que as empresas investidas estão apresentado), o GP trabalho de perto com os times das empresas investidas na tentativa de adicionar valor e preparar para o desinvestimento.


Uma forma de mensurar sucesso em uma firma de PE é a capacidade de saída com lucro dentro dos termos do fundo. Nesse momento, os retornos são devolvidos para os LP's e GP's.


Perspectiva dos Limited Partners


Os investimentos em Private Equity ganharam relevância por, tradicionalmente, apresentarem retornos melhores em relação a investimentos mais comuns como ações ou renda fixa. Entretanto, esse resultado está acompanhado de diferentes riscos e principalmente por conta da natureza ilíquida do investimento em PE.

Os investidores devem se preparar para anos de fluxos de caixa negativos antes de uma posição positiva gerada pelos portfólios.








Essa curva, mais conhecida como J-curve, costuma explicar a sucessão dos fluxos de caixa no investimento em Private Equity pelo lado dos LP's. No início, os investimentos no fundo e as taxas de administração representam a curva descendente. Normalmente, se fala que o ponto mais baixo da curva representa o total do capital investido.

A estrutura de taxas e remuneração em Private Equity


A estrutura típica de taxas e remuneração é desenhada para alinhas interesses da firma de PE e dos investidores do fundo. Essa estrutura é conhecida como "2 e 20" e define como o Investment Manager e o GP são compensados: 2% refere-se a taxa de administração paga anualmente pelos Limited Partners e 20% refere-se a porcentagem dos lucros do fundo (Carried Interest).


A maior parte do lucros, 80%, é distribuída para os LP's. Enquanto o Carried Interest permanecer como o principal incentivar econômico para os profissionais de PE, o foco continuará a ser em maximizar retornos e beneficiar os LP's.


Os retornos em Private Equity normalmente são medidos em taxa interna de retorno (TIR) e um múltiplo do capital investido.


Taxa de administração (Management fee): O Investment Manager cobra dos LP's uma taxa anual para cobrir as despesas do dia a dia, incluindo salários, aluguel de escritório e qualquer custo relacionado ao monitoramento do portfólio de investimentos. É cobrada em cima do capital investido durante o período de investimento. Essa estrutura faz com que as receitas caiam ao longo da vida do fundo na medida em que o capital é colocado na companhia e na medida em que as saídas ocorrem.


Carried Interest: Provém das saídas de sucesso do fundo e é distribuído para os LP's e GP's de acordo com o que está estabelecido no LPA. É a parcela do lucro líquido (normalmente 20%) do fundo paga para o GP e serve como incetivo principal para os profissionais de PE.


Em uma distribuição normal, o fundo irá devolver todo o capital investidor acrescido de um retorno mínimo ( fund's hurdle hate) antes de qualquer pagamento de carried interest.



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