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Medidas de desempenho de uma empresa: Lucro não é tudo! - EBIT e EBITDA

Resultado Operacional

O genuíno resultado operacional é aquele proveniente da atividade principal da empresa, não sendo influenciado pela forma como a companhia é financiada. Uma empresa pode apurar um lucro operacional em seus negócios e, ao investir em mercado de derivativos para especulação, por exemplo, apurar um enorme prejuízo financeiro.


O resultado operacional registra a viabilidade do investimento, se o negócio está remunerando o custo de capital, isto é, o custo das fontes de financiamento. É importante acrescentar que o valor de uma empresa é medido pela sua capacidade de produzir retornos operacionais de caixa no futuro, determinados pela qualidade de suas decisões de investimento. Os resultados operacionais gerados por um negócio expõem a sua viabilidade econômica.


Resultado Operacional X Resultado Líquido: O resultado operacional é proveniente do negócio (ativos da empresa) e o resultado líquido é formado após a dedução de todos os gastos financeiros, relacionados com a forma como a empresa compôs suas estrutura de financiamento. O resultado líquido da empresa é determinado pelo retorno das decisões de investimento (ativos) e também pelos custos das decisões de financiamento. O resultado Operacional, por sua vez, é formado exclusivamente pelas decisões de ativos, pelo desempenho operacional da empresa, não sendo influenciado pelos passivos.


Pode-se dizer que o resultado operacional é calculado no pressuposto de inexistência de dívidas na estrutura de capital da empresa. Em outras palavras, o resultado operacional é o resultado líquido no caso da companhia ser financiada integralmente por recursos próprios, o que é muito raro. Quaisquer que sejam a dívida e seu custo financeiro, o lucro operacional não se altera, pois é mensurado antes das despesas com juros.


O resultado operacional pertence aos credores e acionistas, sendo calculado através da soma das despesas com juros líquidas do IR (remuneração dos credores) mais o lucro líquido dos acionistas. O principal objetivo de geração de lucro operacional é o de remunerar os provedores de capital, através de juros e lucro líquido. O resultado operacional indica criação de valor sempre que se apresentar superior ao custo das fontes de financiamento.


DRE

Receita de Vendas R$ 40000

(-)CMV R$(28000)

(=) Lucro Bruto R$ 12000

(-)Despesas Operacionais R$ (5000)

(=)Lucro Operacional (EBIT) R$ 7000

(-) Imposto de Renda (34%) R$ (2380) (=) NOPAT R$ 4620 (-) Despesas Financeiras R$ (2000)

(+) Benefício fiscal juros R$ 680

(=) Lucro Líquido R$ 3300


EBIT = Earnings before interest and taxes

NOPAT = Net Operating profit after taxes


Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA)


O EBITDA pode ser entendido como uma proxy da geração de caixa da empresa, mas deve-se ressaltar que não é possível afirmar que o EBITDA representa a geração de caixa da companhia e detalharemos o por quê.


No cálculo dessa medida não são considerados a depreciação e amortização por se tratarem de despesas não-caixa, as despesas financeiras por não terem relação com a atividade operacional da empresa e os impostos sobre o lucro. As despesas de depreciação e amortização não representam saída efetiva de caixa. São entendidas como perdas econômicas, sem revelar qualquer desembolso de caixa no período. Os desembolsos financeiros já foram realizados no passado quando ocorreu a aquisição do ativo, revelando reflexos no caixa somente naquele momento.


É importante destacar que o EBITDA não pode ser compreendido como a disponibilidade efetiva de caixa da empresa, sendo melhor interpretado como um indicador da capacidade (potencial) de geração de caixa de suas operações. Isso ocorre, pois nem todas as receitas operacionais de vendas podem ter sido recebidas em caixa no período, assim como nem todos os custos e despesas operacionais podem ter sido efetivamente pagos. Vendas realizados e não recebidas ficam registradas em contas de ativo como "Contas a receber" e despesas incorridas e não pagas são classificadas no passivo como "Contas a pagar".


Assim, devido ao regime contábil de competência, o EBITDA expressa o potencial de caixa de uma empresa em determinado período e não sua posição financeira efetiva.


Algumas imperfeições da métrica: O EBITDA, ao não considerar as despesas financeiras, pode transmitir uma falsa impressão da situação efetiva de uma empresa que trabalha com um alto nível de alavancagem. Além disso, quando se adiciona a depreciação do período, é ignorada toda e qualquer necessidade de reinvestimento, decisões essenciais para a continuidade e geração de valor da empresa.


Por outro lado, uma atratividade do uso do EBITDA é o seu perfil de medida globalizada. Ao incluir a depreciação, impostos e despesas com juros em seu cálculo, permite melhor comparação entre empresas de diferentes países que convivem com diferentes indicadores de vida útil dos ativos, política de juros e alíquotas de impostos.


Cálculo do EBITDA: A formulação básica de cálculo do EBITDA é desenvolvida deduzindo-se das receitas operacionais de vendas, todos os custos e despesas operacionais desembolsáveis incorridos no exercício. Os custos e despesas desembolsáveis desconsideram gastos que não apresentam reflexos financeiros no caixa, como depreciação e amortização. Outra forma de se apurar o EBITDA é somar ao EBIT as despesas de depreciação e amortização.


No próximo texto, abordarei medidas como ROIC e ROE. Até lá!



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